Conhecendo a Normandia - Thais Cruvinel (BSP)

"Em setembro de 2016, na última edição do “Encontros à Francesa”, tive a oportunidade de ganhar uma viagem para conhecer uma parte do litoral francês que era totalmente nova para mim até então: o norte da França, em parte da região da Normandia. Muita gente tem em mente o sul quando pensa nas praias do país, então conhecer algumas cidades do norte com uma cultura tão peculiar e tão rica em história foi algo especialmente marcante pra mim. Então em julho deste ano, parti para a região para conhecer o roteiro que criei.

Começamos a aventura por Dunkerque, e o timingnão poderia ser mais perfeito: cheguei à cidade na semana de lançamento do filme “Dunkirk”, de Christopher Nolan que conta sobre a Operação Dynamo durante a Segunda Guerra Mundial. O episódio ficou conhecido pela grandeza da operação que salvou quase 300 mil soldados britânicos e francesas que ficaram presos sob ataque do exército alemão nas praias de Dunkerque. A cidade havia recebido dois dias antes a pré-estreia mundial com o diretor e elenco do filme no cinema da cidade – cinema esse onde fui assistir ao filme na companhia da Maud, minha anfitriã em Dunkerque durante minha estada na cidade. Foi impressionante ver o filme na cidade onde tudo ocorreu e ver o quanto a cidade carrega a história em seu DNA.

Maud me levou para conhecer Malo, uma região onde fica a maior praia da cidade e concentrada a maior parte da orla. Restaurantes e cafés tipicamente franceses estavam cheios de moradores e turistas aproveitando o sol até tarde em plano verão – às 22 horas ainda estava claro. No dia seguinte foi a vez que conhecer a fundo toda a história de Dunkerque, com o Museu 1940, sobre a Operação Dynamo. O museu é novíssimo e foi construído especialmente após a estreia do filme, visando o crescimento de turistas da região. Depois de um belo almoço no Queen Elizabeth, um antigo barco que foi utilizado na operação e um passeio pelo Porto de Dunkerque, um dos mais importantes da França, me despedi da bela cidade que abriu o roteiro.

No dia seguinte, Maud me acompanhou a Le Touquet, mas não antes de me apresentar a fofa Gravelines, que fica no meio do caminho. Um rápido passeio de barco pela cidade mostrou os muros que a cercam e suas histórias.

Chegando a Le Touquet, pude ver o perfil do pequeno balneário –cafés e restaurantes elegantes, casas suntuosas e o título de “praia preferida dos franceses”. Conheci Estelle, responsável pelo escritório de turismo local que me levou ao Perard, um restaurante especializado em frutos do mar queridinho dos turistas e locais, e depois me apresentou o centro da cidade e a orla da praia. Uma bela e típica tarde de verão com pessoas se divertindo na areia, pedalando e se deliciando com os sorvetes locais – e eu não pude resistir.

A próxima cidade do roteiro, Le Havre, começou agradável já no transfer: o Sr. Notarié, fã de rock e de Liverpool, conduziu uma agradável conversa sobre as diferenças culturais sobre Brasil e França nas três horas de viagem. Chegando a Le Havre, fui recebida por Maria, uma brasileira radicada na França há quase trinta anos, apaixonadíssima pela cidade e cheia de histórias interessantes. Maria contou sobre como Le Havre serviu de laboratório arquitetônico de Auguste Perret, um dos ícones da arquitetura francesa mostrando como a cidade fora minuciosamente projetada para ser funcional. À tarde, conheci a Biblioteca Oscar Niemeyer, projetada pelo brasileiro. Foi impressionante reconhecer as linhas tão características do arquiteto, além de poder ver a modernidade do espaço – que estava lotado. Depois de conhecer outros pontos encantadores de Le Havre, Maria e eu jantamos no maravilhoso Jean-Luc Tartarin, restaurante com duas estrelas Michelin para provar a riqueza de sabores da cozinha francesa contemporânea.

No domingo pela manhã, me despedi de Maria e da amável Le Havre, mas não antes de passear pela feira livre vizinha ao hotel e comprar uma garrafa da maravilhosa cidra local para levar pra casa. Em seguida, segui viagem para Trouville-sur-mer, a uma hora de distância, considerada a praia dos parisienses. Assim como a maior parte da Normandia, Trouville tem uma grande produção de frutos do mar, então Sophie Dauré, minha anfitriã na cidade, me apresentou o famoso mercado de peixes – com direito a uma saborosíssima degustação. Pude depois passear um pouco pela orla da praia e ver algumas similaridades até com as praias brasileiras – barzinhos à beira do mar, crianças brincando e muita gente se exercitando, mesmo não estando com temperaturas tão altas.

No dia seguinte, o último com atividades na cidade, passei a manhã no spa do Cures Marines Thalasso. O local é especializado em tratamentos com a água do mar e pude degustar três deles, o que fechou a viagem com chave de ouro. Ainda tive a tarde livre para ir até a vizinha Deauville e me despedir da Normandia com mais um pouco de camembert e vinho branco.

Meus mais sinceros agradecimentos à toda a equipe da Atout France que providenciou a viagem com todo o cuidado nos detalhes e fez tudo ser absolutamente impecável. Os meus anfitriões locais que foram simpaticíssimos e me receberam maravilhosamente bem e me fizeram me sentir em casa. Certamente, não só pretendo voltar à região como indicarei aos meus viajantes de olhos fechados."

Thais Cruvinel